HOJE percebi que, definitivamente, não sei manter um blog. À altura do quinto post, já me bateu uma preguiça, um desânimo. Minha única motivação é acreditar que faço algo que caso não feito resultará, mais uma vez, em um enorme arrependimento.
HOJE não acordei bem. Não sei se foi o excesso de cafeína que me desencadeou uma leve crise de labirintite, se foi o pouco sono, a tensão. Não sei. Sei que aquele chão fofo do AA nunca me fez sentir flutuar tanto.
HOJE meu consolo era imaginar que tudo seria bem mais fácil, por supostamente já sabermos as estratégias de iluminação, já termos criado um certo ritmo de trabalho, etc, e minha esperança era de que a presença da Marcela no dia anterior não tivesse sido um fator fundamental na nossa organização e ritmo. Mas foi.
HOJE cheguei cerca de 15 minutos atrasada, o suficiente para ter sido a última também. Gostei da pontualidade dos outros. Dessa vez, gostei de me sentir mal e irresponsável. “É por um bom motivo”, pensei. Esse deslize foi o suficiente também para ter desestabilizado todo o trabalho de arte logo de cara. Interessante ver isso. Percebi que apesar da independência e pro atividade da Bia, eu de fato estou dirigindo e coordenando alguma coisa. E hoje eu admito que falhei sério. Cadeiras fora da marcação, mesa desalinhada, toalha virada; teremos sorte se isso não tiver aparecido nos quadros.
HOJE aconteceu uma coisa esquisita. Nosara, continuísta da equipe do outro filme, acompanhou as filmagens, participando ativamente de todo o processo, mais até, eu diria, do que pessoas da própria equipe. Particularmente, Nosara é uma pessoa que me agrada. Acho-a simpática e inteligente, mas era claro que sua presença e suas opiniões causavam um grande desconforto a alguns integrantes da equipe. Isso ficou ainda mais óbvio em determinado momento da filmagem em que a visitante – bem mais pragmática do que a equipe de direção do Cleptomaníacos – irritou-se com as digressivas e longas discussões de Dani, Mariane e Tássia, com as quais nós da equipe técnica já estávamos acostumados, mantendo-nos sob invariante respeito e resignação. Ocupava-me da maquiagem de um dos atores quando percebi os gritos aumentando e atingindo um nível de irritabilidade certamente constrangedor, principalmente aos atores. Definiria este como o momento de maior tensão no set, desde que iniciamos. No entanto, acredito que foi a partir daí que apareceu uma maior coesão – mesmo não podendo esta ser infimamente comparada à do dia anterior.
HOJE fui decidida a permanecer mais tempo dentro do set, por mais sofrido que pudesse ser aquela sauna inebriante e mesmo que tivesse que exercer funções que não fossem minhas, tipo segurar o boom ou bater a claquete. E foi isso que eu fiz e tão saudável que foi.
HOJE voltamos a comer no restaurante do Clube Português, que aceitou preparar a comida doada pelo Restaurante Universitário, ou como é melhor conhecido, o Bandejão da UFF. Foi rápida a refeição e percebi que aquele povo todo não deu conta nem de metade das almôndegas servidas – que se transformaram em sanduíche logo depois. Notei também a diretora bastante preocupada. Sentada ao meu lado, Dani comeu pouco, como de costume (ela faz fotossíntese de vez em quando), e debruçou-se isolada sobre a decupagem cheia de riscos. Já de volta ao AA, o quadro era desesperador: meia hora gravando um singelo plano detalhe do crachá, planos que se partiam, continuidade que consequentemente se enrolava; mas enfim, isso não nos venceu, fortaleceu.
HOJE haveria reunião no Alcoólicos Anônimos e portanto precisaríamos terminar as filmagens até no máximo 6 da tarde e ainda desproduzir todo o local. Aí eu vi vantagem de se fazer uma comédia: apesar do desespero da hora que passava atropeladamente, e do estresse da possibilidade de não conseguirmos terminar, nos divertíamos muito. O Ricardo com aquela onda de fazer seus companheiros ‘mexerem a pélvis’, o Ronaldo com o sorrisinho sacana, o Ragi com aquela inocência no meio da sacanagem e a Néri como a chamada ‘dona pomba’. Era de se espremer e engolir as gargalhadas no meio das tomadas.
HOJE, com os estresses das idéias que não se encontravam, o suor (de verdade) de todos nós, os pombos defumados pelo Almir nas tentativas de comunicação conosco (essa, só a gente entende), nos atrasos, nos desentendimentos, nas risadas e no prazer de estar ali, fechamos o dia abraçados para as fotos e fazendo planos para mais um dia de batalha, dessa vez, em alguma rua florida de Itacoatiara.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
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